Fundos de Crédito: O que são e como usar na estratégia de diversificação
24 de novembro de 2025

24 de novembro de 2025
Impulsionado pelo cenário de juros elevados, o mercado de crédito privado ganhou espaço na preferência do investidor brasileiro nos últimos dois anos. Os dados falam por si: segundo a Anbima, com a alta demanda, as emissões de debêntures, CRIs, FIDCs e outros instrumentos de renda fixa atingiram em 2024 o recorde histórico de mais de R$ 700 bilhões. Em 2025, mantiveram o ritmo forte e superaram R$ 480 bilhões apenas nos nove primeiros meses do ano[1].
Com números tão expressivos, é natural que mais investidores queiram saber mais sobre essa classe de ativos. Por isso, a seguir vamos responder perguntas essenciais: como funciona o crédito privado? O que justifica a corrida por esses papéis? Quais são os fundos que investem nesses títulos e quais as diferenças entre eles?
Entendendo o crédito privado
De forma simples, investir em crédito significa emprestar recursos para empresas ou projetos através de títulos de dívida, a exemplo das debêntures corporativas. Como pagamento pela dívida, o investidor recebe uma remuneração previamente definida, com juros, prazo e condições estabelecidos no momento da emissão.
Ao contrário do mercado de ações, em que o retorno depende da expectativa de valorização das companhias, no crédito privado a lógica é mais previsível: há um contrato de pagamento que reduz a incerteza e a volatilidade, contanto que a empresa não perca a capacidade de pagamento das suas dívidas.
Outro ponto importante é a atratividade em cenários de juros altos. Como os papéis, em sua maioria, precisam oferecer retorno superior ao dos títulos públicos para se tornarem atrativos, a elevação da Selic acaba aumentando também a remuneração dos instrumentos privados. Em um cenário como visto no segundo semestre de 2024 e em 2025, de juros básicos de dois dígitos, a rentabilidade fica especialmente atrativa.
Um ponto de atenção importante é que, quanto mais altos os juros, mais caro fica o empréstimo para as empresas, caracterizando um risco de crédito mais alto. Ou seja, mais risco de a empresa não conseguir honrar o cronograma de pagamento pré-estabelecido. Assim, para o investidor final, é importante a escolha de bons gestores, que buscarão créditos que possuem uma relação de risco versus retorno adequada para o investidor, para que ele consiga surfar esse cenário de juros altos com preservação de capital no longo prazo.
Um fator chave para quem quer explorar essa estratégia é que o mercado de crédito conta com uma indústria de fundos robusta, que permite ao investidor acessar carteiras diversificadas e geridas por profissionais especializados. Isso reduz o risco individual e abre espaço para estratégias mais sofisticadas, desde operações de empréstimo realizadas diretamente com empresas até estruturas pulverizadas de antecipação de recebíveis.
Essa combinação de previsibilidade, rentabilidade e diversificação explica por que o crédito privado deixou de ser um nicho e passou a ser um protagonista no portfólio do investidor brasileiro.
Definindo conceitos: High Grade e High Yield
É comum que o investidor se depare com esses dois rótulos, usados para definir o nível de risco que os gestores estão dispostos a assumir. Eles podem classificar tanto os títulos adquiridos quanto os próprios fundos.
High grade significa, literalmente, “nota alta”. Ou seja, títulos com essa característica representam baixo risco de inadimplência, já que são emitidos por empresas de grande porte, com boa reputação, balanços mais robustos e pouco alavancados e que oferecem remunerações mais modestas em suas dívidas.
High yield é a classificação dada a papéis que apresentam riscos menos óbvios de crédito, que exigem uma análise mais profunda e cuidadosa para atingir uma boa relação risco versus retorno. Justamente por esse fato, essas empresas oferecem rentabilidade superior aos papéis high grade, como forma de trazer maior atratividade no mercado. Nessa classe de crédito, a gestão ativa, ou seja, a escolha de bons gestores, torna-se ainda mais importante.
Em alguns casos, as companhias estão fora do radar do crédito bancário porque são de menor porte ou ainda estão em fase de crescimento. Nesse cenário, podem encontrar no mercado de capitais uma fonte de captação eficiente e capaz de precificar adequadamente seus ativos.
Raio-x nos fundos de crédito
Se você tem interesse em investir nessa classe de ativos para aprofundar sua estratégia de diversificação e otimizar a sua carteira de investimentos, vale a pena conhecer também quais são os diferentes tipos de fundos de crédito e quais suas principais características. Eles apresentam diferentes abordagens e podem apoiar sua estratégia de diversificação de maneira eficiente.
Investem principalmente em uma cesta de títulos de dívida emitidos por empresas consolidadas, que são conhecidas pelo mercado, com suas debêntures negociando milhões de reais todos os dias. Tipicamente, esses fundos investem em empresas high grade e costumam ter alta liquidez.
São fundos que, além de investir em papéis disponíveis no mercado de capitais, podem também participar da estruturação de crédito para empresas, não necessariamente sujeitos a oferta pública, através dos mais diversos instrumentos (CRAs, CRIs, FIDCs, debêntures, entre outros). Na maioria dos casos, contam com menor liquidez e maior potencial de retorno. É o caso do Patria Crédito Estruturado 365, do Patria Investimentos, que conta com participação ativa de seu time de gestão na estruturação e no monitoramento de crédito, visando otimizar a relação risco versus retorno dos investimentos e oferecer uma rentabilidade atrativa com baixa volatilidade alvo. Você pode conhecer mais da estratégia e da carteira desse fundo aqui.
Investem em títulos de crédito originados das contas a receber de uma empresa. Isso inclui duplicatas, recebíveis de cartões de crédito, aluguéis e demais formas que uma empresa tem para realizar o ingresso de receitas. Com a liberação do investimento nesses fundos para o público geral (apesar de ainda haver restrições), os FIDCS vêm registraram um crescimento expressivo no patrimônio líquido e em 2025 chegaram a superar o volume de fundos de ações e outros[2].
Entre as diversas estratégias disponíveis, como a posse direta de imóveis, os FIIs podem optar por investir em instrumentos de crédito, como os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). Entre suas conveniências estão o fato de oferecerem aos investidores o pagamento em conta de dividendos mensais com isenção fiscal para pessoas físicas, conforme legislação aplicável. Embora existam FIIs negociados em ambiente de balcão, a maioria dos principais fundos é listada em bolsa e conta com alta liquidez. A venda de cotas, porém, pode ser tributada: 20% sobre o ganho de capital obtido.
Negociados na B3 desde 2021, os Fiagros são inspirados nos FIIs, mas com a diferença de que, em vez de focar no desenvolvimento do mercado imobiliário, estão associados às cadeias produtivas do agronegócio. Parte desses fundos adota a estratégia de investir em direitos creditórios da agroindústria, por meio de instrumentos como os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). Os Fiagros também dão ao investidor a possibilidade de receber rendimentos mensais isentos de Imposto de Renda, exceto para ganho de capital na venda de cotas. O Patria possui dois fundos desse tipo: o Patria Crédito Agrícola (PAAG11), Cetipado exclusivamente na plataforma XP, e o Patria Crédito Agro Fiagro RL (PLCA11), listado em bolsa e disponível para todas as plataformas, ambos focados em operações de securitização e dívida corporativa para empresas do setor.
São veículos de investimento voltados para o financiamento de projetos de infraestrutura, com cotas negociadas em bolsa e isenção de imposto de renda tanto para dividendos como para ganho de capital. Sua estratégia concentra-se em papéis de crédito privado associados a projetos do setor, as debêntures incentivadas, ou debêntures 12.431. No ano passado, aprofundando sua presença histórica em infraestrutura, o Patria lançou o Patria Crédito Infra Renda (PRIF11). Saiba mais aqui.
Investimentos alternativos com quem entende
O Patria Investimentos é uma gestora especializada em ativos alternativos com mais de US$ 50 bilhões sob gestão e atuação em diversos mercados, sendo o de crédito privado uma de suas especialidades. São mais de 35 anos de história e um grupo de mais de 700 profissionais atuando em três regiões (América Latina, EUA e Europa).
Se você tem interesse em saber mais sobre investimentos alternativos e como podem beneficiar a sua estratégia, fique atento aos canais do Patria nas redes sociais e à seção Insights do site institucional para acessar mais informações sobre o tema!
[1] https://www.anbima.com.br/pt_br/noticias/ofertas-de-renda-fixa-no-mercado-de-capitais-atingem-valor-recorde-no-ano.htm